19 de mai. de 2010

Entrevista com Rogério Ferrari

Um dos primeiros professores do curso da AEC-TEA, Rogério Ferrari, fez uma entrevista recentemente para um festival de fotografia em Florianopolis.

O link à entrevista:

Fotografia: Política, Ética, Estética.

http://www.floripanafoto.com/blog/?s=entrevista+com+rogerio+ferrari

Depois de ter lido tudo há um trecho em particular que queria ressaltar:

------------

Em entrevista você disse crer que havendo uma consciência da realidade, é possível transformá-la. O que você faz e o que falta fazer para transformá-la? A que você atribui a opção de tantas pessoas em simplesmente aceitá-la, acomodado?

A consciência só não basta, Quantas pessoas se sentem tranquilas por julgarem-se conscientes, mas, no entanto, sem levantarem da poltrona pra fazer algo a favor do que julgam melhor. Uma coisa é a consciência social, boa intenção, e outra é sentir a dor de viver numa sociedade violenta, individualista, onde a maioria das pessoas estão mal, sem dignidade, exploradas.

Olha o exemplo da fotografia, absolutamente elitizada. Há uma grande lacuna e limite na expressão artística/fotográfica quando só uma parcela, de classe média, pode expressar-se. Agora, com as ONGs, tem se feito muitas oficinas de foto, e isso, em geral, é parte de uma lógica perversa, quando, com raras exceções, alimentam a indústria da pobreza. Nas oficinas, meninos e meninas descobrem a fotografia e revelam-se como bons fotógrafos. Logo, com o fim do projeto, a realidade sócio-econômica, exclui a possibilidade de novos e diferentes fotógrafos. A estrutura que nutre e possibilita as oficinas é mesma que impossibilita que eles se emancipam como artistas. O que faço é insuficiente até porque a fotografia não muda a realidade. Não produz rupturas. Ela informa, denuncia, mudará algo em função do que comunica, mas definitivamente, é só uma imagem. Para poder fazer algo mais efetivo, como fotógrafo e como ser humano, devemos estar conectados com outros braços, em ações culturais que afirme novos valores. Pensamos que estamos optando, e isso é um grande engano. A apatia paralisa, e nos faz tragar interesses alheios, valores mesquinhos, sem ao menos indagar se é isso mesmo que penso e quero?

--------------------

Como se aplicam os comentários dele ao nosso projeto?

Voces, como jovens fotógrafos que estão lutando para criar arte, para transformar atitudes em Capim Grosso, para até ganhar dinheiro e se tornar profissionais em alguma área. Esse curso vale para alguma coisa? Alimenta a indústria da pobreza? Emancipa? Se emancipar, como? O que fazemos com a fotografia é suficiente para criar mudança verdadeira, uma nova apreciação pela arte, menos injustiça num mundo extremamente desigual?

Tem a possibilidade de emancipação através da arte? Numa exposição de fotografia? Na publicação de um livro de fotografias sobre Capim Grosso?

A fotografia é a indiferença? É uma bala? É uma semente?

Comentem nos seus blogs e mandem a suas idéias para Rogério através do blog dele:

http://rogerioferrari.wordpress.com/

Um comentário:

  1. ROGERIO FERRARI É UM SABIO MESTRE EM FOTOGRAFIA AS SUAS FOTOS MOSTRA MUITO MAIS DO QUE IMAGINA .MOSTRA A REALIDADE DE UM POVO UMA NAÇÃO QUE LUTAR PARA TER OS SEUS DIREITOS RECONHECIDO E ACEITO NA SOCIEDADE.POIS VIVEMOS EM UM PAIS ONDE O MUITO ESTA NAS MÃO DE QUEM POUCO PRECISA EN QUANTO OS QUE REAlmente precisa estão por ai pedido em porta sem ter a certeza de encontrar.
    a entrevista é um otimo exemplo e concelho para quem quer seguir na carreira de fotografo ... pois fotografia não é só mostrar a beleza mas sim o outro lado que fica escondido o lado da miseria.

    ResponderExcluir